De acordo com análise divulgada pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), é de extrema importância a redução do plástico desnecessário para enfrentar a crise global.
Apressar a transição para energias renováveis, cortar subsídios e adotar abordagens circulares auxiliará a reduzir os resíduos plásticos na escala necessária, como afirmou o relatório Da Poluição à Solução. Um estudo global sobre lixo marinho e poluição plástica.
O relatório indica que a poluição é uma intimidação crescente em todos os ecossistemas, de onde a poluição começa até o mar. Se refere também que, precisamos da vontade política e da ação urgente dos governos para enfrentar esta crise.
O relatório abastecerá as discussões na Assembleia das Nações Unidas para o meio ambiente em Março deste ano, quando os países se reunirão para decidir o caminho a tomar para a cooperação sobre o tema.
O estudo realizado evidencia que a poluição plástica nos ecossistemas aquáticos aumentou consideravelmente nos últimos anos e essa ocorrência deve dobrar até 2030, com graves consequências para diversos setores como: saúde, economia, clima e a biodiversidade.
A pesquisa realizada enfatiza que o plástico também é um problema climático, através de uma análise de ciclo de vida, estimou-se que em 2015 os plásticos estavam ligados à fabricação de 1,7 gigatoneladas de CO2 equivalentes, e em 2050 esse valor aumentará para cerca de 6,5 – 15% do orçamento global de carbono.
Os autores do relatório rejeitam a possibilidade de reciclagem como uma alternativa para esta crise e alertam para possibilidades nocivas aos produtos de uso único, assim como plásticos de base biológica ou biodegradáveis, que hoje representam uma ameaça química conforme os plásticos convencionais.
“Esta pesquisa fornece o argumento científico mais forte até hoje para responder à urgência, agir coletivamente e proteger e restaurar nossos oceanos e todos os ecossistemas afetados pela poluição em seu curso”, enunciou Inger Andersen – diretora executiva do PNUMA.
“Uma grande preocupação é o destino dos microplásticos, aditivos químicos e outros produtos fragmentados, muitos dos quais são conhecidos por serem tóxicos e perigosos para a saúde humana, a vida selvagem e os ecossistemas. A velocidade com que a poluição oceânica está captando a atenção do público é encorajadora e é vital que aproveitemos este impulso para alcançar um oceano limpo, saudável e resiliente”, complementou Andersen.
O relatório ressalta que o plástico representa 85% dos resíduos que chegam aos oceanos e informa que até 2040, a quantidade de plástico que chega ao mar triplicará, com um volume anual entre 23 a 37 milhões de toneladas – cerca de 50 Kg de plástico por metro de costa em todo o mundo.
Com isso, todas as espécies marinhas como aves, tartarugas, moluscos e mamíferos, enfrentam riscos de envenenamento e distúrbios comportamentais, fome e asfixia. Da mesma forma como os corais, mangues e ervas marinhas que serão sufocados por detritos plásticos que os impossibilita de receber oxigênio e luz.
O ser humano também é suscetível à contaminação por resíduos plásticos em fontes de água, podendo gerar contaminação hormonal, distúrbios de desenvolvimento, anomalias reprodutivas e câncer. Os plásticos são absorvidos através de frutos do mar, bebidas ou até mesmo o sal. Podem também ser absorvidos na pele, podendo ser inalados quando suspensos no ar.
O lixo marinho prejudica também a economia global, afinal os custos da poluição plástica no turismo, pesca e outras atividades, como por exemplo a limpeza, foram calculados em 6 a 19 bilhões de dólares no ano de 2018.
Estima-se que até 2040 há possibilidade de ocorrer um risco financeiro anual de 100 bilhões de dólares para as empresas, caso os governos exijam que as mesmas cubram os custos da gestão de resíduos nas quantidades previstas.
O relatório requer a redução imediata dos plásticos, estimula a transformação de toda a cadeia de valor envolvida e indica a necessidade de fortalecer os investimentos em sistemas de monitoramento muito mais abrangentes e eficiente para detectar a origem, escala e destino do plástico, assim como o desenvolvimento de uma estrutura de risco, que hoje em dia não há globalmente.
O estudo entende que é preciso uma mudança para abordagens circulares, englobando práticas de consumo e fabricação sustentável, o desenvolvimento e adoção acelerada de alternativas pelas empresas, em maior conscientização do consumidor para encorajar escolhas responsáveis.
O PNUMA é a principal voz global sobre o meio ambiente, incentivando a parceria no cuidado com o meio ambiente, informando, influenciando e permitindo que as nações e os povos tenham qualidade de vida sem comprometer as futuras gerações.
A Campanha Mares Limpos tem como objetivo quebrar o vício da humanidade em plásticos desnecessários, dos quais quase 11 milhões de toneladas acabam no oceano anualmente. Ela foi divulgada em 2017 pelo PNUMA e desde então, 62 Estados Membros – cobrindo 60% da costa mundial – abraçaram a campanha com promessas e compromissos ambiciosos.
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